Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver. - Dalai Lama

terça-feira, 17 de setembro de 2013




A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
 
Vejo cada vez mais vejo as pessoas terem medo da solidão e entram numa incansável corrida desesperadora por "um par". As pessoas andam perdendo a delicadeza da expressão “se apaixonar”. Não é mais uma condição que se desenvolve após longas conversas, beijos no portão e mensagens inesperadas. Apenas decide-se gostar de alguém e pronto.
É mais fácil escolher gostar de alguém do que deixar o universo se encarregar da missão.
A verdade é que não dá pra projetar todas as nossas vontades, sonhos e desejos no primeiro conjunto aprazível aos olhos que cruza nosso caminho. Como bem diz um determinado livro que li, mas não recordo o título: a gente aceita o amor que acha que merece. Se eu valorizo uma pessoa que já demonstrou de diversas maneiras não estar nem aí pra mim, eu estou mandando para o universo a mensagem de que é exatamente com esse descompasso e esse desamor que eu quero viver meus dias. Nunca me canso de repetir que amor não é barganha! Não se pede, não se implora, não se força, não se projeta. Amor acontece e só (ou não!). Insistir em uma história que de alguma forma não é inteira, baseada em uma carência momentânea ou em falta de perspectiva de um amanhã melhor, além de perda de tempo, é perda do amor mais importante que deveríamos cultivar:O AMOR PRÓPRIO!